O mistério dos Reis Magos (6 de Janeiro)

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O mistério dos Reis Magos (6 de Janeiro) - Mystic Attitude

Dezembro é um mês cheio de datas, fechamentos e comemoração. Não só é um ano novo, também comemoramos o calendário religioso como Natal e até o dia dos Reis Magos, que se transformou em uma ocasião de reunião festiva para dar e receber presentes. As crianças preparam pasto e água para os camelos, e deixam seus sapatos preparados para a manhã seguinte encontrar neles presentes ou carvão, de acordo como se comportaram durante o ano.

“O dia da Epifania”, se refere a uma manifestação ou revelação divina: a apresentação de Jesus Cristo ao mundo na sua presença humana, simbolizada através da chegada dos Reis Magos trazendo seus presentes e adorando-o. A epifania é uma das festas litúrgicas católicas mais antigas, inclusive mais antiga que o Natal.

Epifanía é como um conceito filosófico, é uma profunda sensação de realização, sentir profundamente como o coração a liberação do temor ou da ignorância, a aceitação, o conhecimento, um instante de verdadeira conexão. Os que somos astrólogos também celebramos o dia 6 como o nosso dia. Pareciam ser só coincidências, mas na verdade o dia de Reis tem um profundo significado místico, pleno de símbolos esotéricos que aglutina como nenhuma outra data a várias etnias e escolas de conhecimento espiritual. Analizá-los pode levar a um significado mais profundo da sacralidade deste tempo, do ritual do ano, e sincronizarmos com as estrelas.

Os Três Reis Magos Astrólogos

Não há muitas coisas escritas na Bíblia, nem se especifica que foram três. Contudo, na tradição antiga que não foram compiladas na Bíblia, como por exemplo o chamado Evangelho de Pseudo Tomás, ou o Evangelho da infância, do século II – são ricas em detalhes: eram três Reis, representando as três idades do homem e de todos os lugares até então conhecidos: África, Ásia e Europa, e as suas raças: branca, amarela e negra.

O simbolismo do número três é o de superação dos opostos, o número da Santíssima Trindade. Rompe com o conflito dualista, afirmando a diversidade de caminhos que confluem a um mesmo lugar.

A palavra «mago», provém de um tipo de sacerdotes persas especialistas em religião. É Heródoto quem primeiro fala deles, descrevendo como “especialistas em deuses”, uma seita responsável por sacrifícios, pelos rituais funerários, a adivinhação e a interpretação dos sonhos. A história desses três personagens começou a ser escrita três séculos depois do nascimento de Cristo, em um documento conhecido como o Opus Imperfectum in Mattheum que não os descreve fisicamente, mas especifica que as suas idades estava compreendidas entre os 20 e 60 anos, e que pertencias às únicas raças admitidas naquela época: branca, amarela e negra.

Tudo parece indicar que Baltasar, Melchior e Gaspar, como são conhecidos na cultura ocidental, eram três sábios persas que pertenciam a uma seita de astrônomos dedicados unicamente a esperar a aparição de uma estrela que anunciaria um acontecimento divino. E é que na cultura oriental, cada quem tem a sua estrela, e aí está o seu destino.

De acordo com escritos antigos, como o livro de Set, estes sábios subiam, uma vez por ano, no pico de um monte chamado Monte Victoria, e durante três dias esperavam, entre oração e pedidos a Deus, a aparição daquele astro.

A estrela, que para o judaísmo é um símbolo dos anjos dos mensageiros de Deus. Um bom dia, ele resplandeceu no céu em forma de uma criança, e com uma intensidade nunca antes contemplada por aqueles sábios, que lhes pediu que os mandara em um caminho em direção a Judeia. Segundo uma explicação científica, que hoje diz que a aparição dessa “estrela”, é que pode ter sido um produto de aproximação entre os planetas Júpiter, que na antiguidade era considerado uma estrela real, Saturno, que é símbolo da nação judia, e Marte. Outras teorias dizem que a estrela no Leste é Sírio, a estrela mais brilhando no céu noturno, no qual, no dia 24 de Dezembro, se alinha com as três estrelas mais brilhantes do Cinturão de Orion: os três reis ou as três Marias, apontando todas ao lugar por onde sai o sol. Isso é porque os três reis “seguem” a estrela, para assim poder localizar o amanhecer: o nascimento do Sol, Deus na Terra.

Dizem que Melchor, Gaspar e Baltasar eram astrólogos, dado que chegaram a Deus através das estrelas. O Liber de infantia Salvatoris (livro da infância do salvador) ou Livro dea Natividad de María é um dos denominados Evangelhos Apócrifos e dizem que “esta estrela é a palavra de Deus, já que há tantas palavras de Deus quantas estrelas há no céu. E a palavra de Deus (como ele mesmo) é inefável. O mesmo que é inenarrável nessa estrela, que foi a nossa companheira de viagem no caminho (que fizemos) para vir até o Cristo.” Um ensinamento profundamente intercultural, supra religiosa, espiritual, epifânica em si mesmo. Há tantas palavras para dizer Deus, como há estrelas no céu. Não temos porque brigar.

Caracterização dos Reis e seus presentes:

Melchor: Um ancião branco com barbas brancas. Seu presente para Jesus é ouro, representando a natureza real. O camelo o transporta. Representa a linha do conhecimento Védico da India, o mais antigo. O outro é considerado tradicionalmente como o metal mais precioso, pela sua cor é relacionado com o Sol, com Deus, com a perfeição, com a iluminação, e pelo seu valor, com o poder próprio da realeza sagrada, o rei que govera em consonância com a Lei Eterna. Cristo é rei, nos mostra Melchor, focando na Função Real de Jesus. É o sol perfeito, que vem a iluminar a escuridão com a sua luz, e reger como soberano nas nossas vidas com a autoridade da Verdade e do Amor, mostrando o caminho a nossa própria perfeição.

Gaspar: Jovem de cabelos vermelhos. O animal que monta é o Cavalo, símbolo da inteligência humano que pode domesticar os impulsos. A tradição que representa é o Zoroastrismo Persa, vigente nos temos do cativeiro Judeu na Babilônia. Seu presente é o incenso, que representa a natureza divina de Jesus, como oferenda que representa o ar, a inteligência dos céus e a ciência da natureza. O incenso, esta substância aromática própria dos templos de culto, é o símbolo da oferenda, da purificação pelo fogo, da oração que ascende aos céus como uma fumaça, um perfume, a paz, o sossego que produz o ser humano e a conexão com o divino.  Gaspar, con seu presente, reconhece Cristo como o Sumo Sacerdote, como ponte, como caminho para cima e para baixo, para a matéria e para o espírito, o divino e o humano.

Baltasar: De raça negra. Montava um camelo. A sua tradição é a da África do Norte, do Egito Médio. Seu presente a Jesus é mirra, símbolo da água. A mirra é uma cara resina fragante, que se utilizaba para embalsamar os corpos dos falecidos. Presente um tanto quanto desafortunado se ignorarmos a natureza simbólica: Baltasar quer mostrar que Cristo Rei, o Sumo Sacerdote, será submetido a sofrimentos e mortes próprios da natureza humana.

Na noite do dia 5 de Janeiro, quando você vá dormir, pense naquilo que você trabalhou este ano. As lições, os aprendizados, os presentes recibidos, o amor dado e recebido. Se por acaso, você foi suficientemente compassivo, empático, sensível. Se você entregou o melhor de si ao cumprir com as suas tarefas, se você generoso com os outros, consciente de seus privilégios e de quanto a vida te deu. É uma noite para dar oferendas a Deus, ao Cosmos, ao Sol Nascente, ao pequeno e inocente menino poderoso que temos dentro de nós, tudo o que recebemos e construímos este ano. É se esvaziar para poder se encher novamente. Entregando mais do que precisamos: nosso brilhante e trabalhado coração de ouro, elevar os nossos pensamentos e curar as nossas feridas.

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